Biblioteca Arthur Vianna sob risco de incêndios
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Estado deplorável. |
Há 140 anos a Biblioteca Pública Arthur Vianna conserva raridades do patrimônio histórico material do Estado do Pará. Livros como “Rimas várias de Luís de Camões”, datado de 1685 a 1689, e “História do Futuro”, de 1718, são raridades que estão sob a responsabilidade da biblioteca fundada em 1871. Hoje, dia em que a Arthur
Vianna faz aniversário, a preocupação com a conservação do acervo de 770.675 exemplares é grande.O prédio do Centro Cultural Tancredo Neves (Centur), que já abriga a biblioteca há cerca de 30 anos, não oferece segurança específica contra incêndios além dos extintores dispostos em algumas das salas da instituição. A fiação elétrica antiga oferece riscos não só aos funcionários e usuários, como também ao acervo. “A situação elétrica do prédio é bastante crítica. O que mais nos preocupa é a segurança física contra incêndios”, afirma o diretor de leitura e informação da Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves, Sérgio Massoud.
Há outros problemas: “As divisórias da biblioteca são feitas de material que propaga fogo. O uso de equipamentos eletrônicos também tem que ser readequado, porque no projeto original não foi prevista a utilização desses equipamentos. Foram coisas que foram sendo modificadas e que precisam ser readequadas”, explica Massoud.
De acordo com a gerente da biblioteca, Ruth Selma dos Santos, dos 14 departamentos que compõem a Arthur Vianna, nem todos contam com equipamentos de segurança contra incêndio. “A proteção que temos são só os extintores e as saídas de emergência. As salas maiores têm extintores, mas as menores não”, informa. Ainda assim, Massoud afirma que o problema não se resume aos equipamentos de combate ao fogo, mas principalmente à prevenção. “Quando se trabalha com acervo documental é complicado, porque a água pode destruir o acervo também. Então, o que tem que haver é prevenção contra incêndios porque o sistema de segurança tem que ser o mais convencional”.
O pesquisador José Leôncio Siqueira costuma frequentar a biblioteca para realizar pesquisas documentais. Ele é uma das pessoas que dependem das raridades guardadas no Centur e se preocupa com a conservação desse patrimônio. “Alguns aspectos precisam ser mais cuidados para que se tenha uma maior conservação. O conteúdo é muito rico, não podemos perdê-lo”. Para tentar solucionar esse problema, ele afirma que existe um projeto de reforma do prédio. “Existe uma verba federal pré-aprovada pelo MinC (Ministério da Cultura) para essa reestruturação. Acredito que ainda esse ano possamos ter o Centur readequado”.
A estudante de mestrado Bárbara Palha visita periodicamente os departamentos de microfilmagem e de obras raras da biblioteca e acredita que o esquema de segurança é confiável. “Podemos ter acesso às obras que estão em bom estado de conservação no departamento de obras raras, mas sempre ficamos com uma pessoa na sala. Mas acredito que a microfilmagem poderia ser mais valorizada.”
Apesar da grande movimentação (cerca de 500 pessoas ao dia), a demanda tem diminuído. Até 2000, a biblioteca chegava a receber duas mil pessoas diariamente. “Nossa análise é que isso é causado pela internet. A biblioteca ainda não conseguiu acompanhar essa demanda”, diz Ruth Santos. (Diário do Pará)
Meu Pitaco
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